segunda-feira, 12 de julho de 2010

Conciliação

“O sagrado e o profano constituem duas modalidades de ser no mundo.”
(Mircea Eliade)

“O sagrado não se opõe ao profano, mas perpassa-o, transforma-o e plenifica-o”
(Fábio de Melo)


A realidade é ampla! Ela é uma amplidão formada por um mosaico de realidades. Por mais que queiramos, não há como afirmá-la de maneira analítica, como se ela fosse simplesmente “a” ou fosse simplesmente “b”: a experiência nos mostra que ela é “a” e “b” paralelamente, simultaneamente.
As identidades são formadas assim: “a” e “b”, numa dialética sem fim, porque, de algum modo, as coisas se complementam. Essa é a verdade: as coisas se complementam mais do que se opõem. E não nos esqueçamos: mesmo quando se apresentam aparentemente como pura oposição, elas são, ainda, e tão somente, dois lados da mesma realidade.
A consciência disso deveria gerar em nós uma postura de inclusão ou, ao menos, de diálogo. A própria experiência que fazemos no dia-a-dia devia extirpar de nós a exclusão, porque vivemos imersos em pluralismos. Entretanto, libertos do dogmatismo religioso, caímos num dogmatismo científico que nos levou igualmente a reducionismos incapazes de captar a amplidão da realidade.
Não temos fórmulas prontas, como nos inspira a ciência, temos sim experiências que nos permitem fazer inferências, mas não determinações, absolutizações. Cada ser é a sua própria variante, por isso, ainda que soframos influências, elas simplesmente influenciarão... há diferença entre influência e determinação!
Tudo isto para dizer que não cabemos em formas. Somos o resultado de combinações infinitas e irrepetíveis – e até paradoxais. E isso é a misteriosa beleza da vida! Está tudo aqui: o sagrado e o profano; o erotismo e a mística; o certo e o errado – o outro modo de ser, a outra possibilidade de realizar-se! Somos o lugar da síntese, a conciliação!
Esta é a realidade, esta é a vida!!!

Adriano Portela